sábado, 23 de outubro de 2010

Seda

Amigo se vai, nem té logo.
Trânsito assusta.
Amor já não há.
Meu nome nem sabe.
De mim se esquece.
Sentado finjo que não estou.
Transporte demora.
Passa rápido, nem dá tempo.
Sensação já é tarde, nem te vi.
Pra trás nisso, naquilo, naquilo outro.
Hoje, amanhã, depois.
Não caibo no trânsito.
Amor já de outra.
Amor nem meu foi.
Hospeda expulsa sem dó, nem boa noite.
Escurece meia-pálpebra, eu com medo.
Embriaga-me mente com de tudo.
Poderia, deveria outro fez, quanto a mim?
Sai de mim, oh cidade bandida, inquieta, nervosa.
Mãe de mim nem me vê, nem conhece.
Dá as costas.
Outros tantos na frente, e eu ali.
Vivo aqui - circunstância - não te gosto.
Meu amor só escrevo, nem o sinto.
Não me vês, que me importa?
A pisar-te seguindo, vou e vou.
Até quando? Não sei.
Quando adeus já vou tarde, ver-te longe.
Bem Deus queira!
A me olhar outro teto, deve haver.
Que me importa ser sua, no papel?
Aos seus filhos confunde, dia-a-dia.
Vem depressa alforria desse lugar.